segunda-feira, 2 de abril de 2012

Em discurso para o Dia da Mulher, Dilma se dirige a “irmãs"

   A presidente Dilma Rousseff afirmou, em pronunciamento oficial no Dia Internacional das Mulheres, que o século 21 será o “século das mulheres”. O discurso da presidente foi ao ar às 19h e durou cerca de dez minutos.

Queridos brasileiros, queridas brasileiras, hoje, dia internacional da mulher é uma data ideal para presidenta falar com sua irmãs brasileiras, de coração aberto, de mulher para mulher.
Sinto alegria de chefiar um governo que tem o maior conjunto de programas de apoio à mulher da nossa história.
Mas sei que governo e sociedade precisam fazer muito mais para a valorização plena da mulher. Não é exagerado dizer que cada mulher ainda tem algo a dever a si mesma. E que cada homem tem algo a dever à mulher que está ao seu lado. Nós mulheres, vamos continuar em dívida com a gente mesmo, se aceitarmos passivamente certa herança negativa que ainda temos sobre os ombros. Cada homem vai continuar em dívida consigo mesmo se não olhar com igualdade, com respeito e com amor sua mulher, sua mãe, sua irmã ou sua filha.
A luta pela valorização da mulher é, portanto, um dever de todos brasileiras e brasileiros de todas as classes, de todos os credos, de todas as raças e de todas as regiões do país.
Minhas irmãs brasileiras, minha chegada a presidência significou um momento único de afirmação da mulher na sociedade brasileira. Não esqueço isso um só minuto e sei que nenhuma de vocês esquece disso  quando olham para mim.  
Minha eleição reforçou em alguns setores da sociedade uma tendência  de enaltecimento da força da mulher.
Não podemos aceitar o falso triunfalismo, mas, também, não devemos nos render ao amargor terrotista. Sei que uma mulher que chegou à presidência com milhões de votos de brasileiros e brasileiras, não poderá jamais, ter uma atitude ressentida contra os homens. Mas sei, muito especialmente, que uma presidenta não pode ter uma política tímida, ultrapassada e meramente compensatória para as mulheres.
Hoje, somos no Brasil 97 milhões de mulheres, ou seja, 51% da população, 40% das nossas famílias são chefiadas, atualmente, por mulheres, quando, dez anos atrás, não passavam de 25%.
Nos últimos anos, a taxa de desemprego feminino vem caindo com mais força, mas ocupamos apenas 45% das vagas de trabalho disponíveis e continuamos recebendo menos que os homens pelo mesmo trabalho realizado. Isso tem que melhorar. O pior é que, em certas circunstâncias, a mulher continua a mais pobre dos pobres, a mais sofredora entre os sofredores. Mas até aí nos surpreende a força da mulher. Porque, mesmo quando está em uma dura condição de pobreza, a mulher é a principal mola de propulsão para vencer a miséria.
Sabe por quê?
Porque ela é o centro da família. Porque quando uma mulher se ergue, nunca se ergue sozinha. Ela levanta junto seu companheiro, ela levanta junto seus filhos. Ela fortalece toda a família. Vem daí a importância que damos à mulher nos nossos programas sociais, 93% dos cartões do Bolsa Família estão, por exemplo, em nome de mulheres. São mais de 19 milhões de mulheres que vão ao banco, todo mês, buscar e administrar recursos para ajudar no sustento da família, 47% dos contratos da primeira etapa da Minha Casa, Minha Vida foram assinadas por mulheres. Este percentual será ainda maior no Minha casa, Minha Vida-2. Nele, a escritura dos apartamentos populares será feita em nome da mulher.
Minhas amigas e meus amigos, a mulher é um ser empreendedor, precisa, portanto, de oportunidades.
A mulher é uma pessoa, antes de tudo, dedicada e trabalhadora; precisa, portanto, de emprego e de capacitação para o trabalho.
Temos estimulado programas de capacitação, microcrédito e igualdade no emprego. Temos procurado apoiar a luta das mulheres em todas as áreas, sejam elas cientistas, profissionais liberais, operárias ou empregadas domésticas.
O Programa Mulheres Mil está garantindo formação profissional e tecnológica para inserção de milhares de mulheres no mercado de trabalho até 2014.
E para dar mais autonomia de trabalho às mães pobres do Brasil, estamos construindo até 2014, seis mil novas creches e pré-escolas.
A mulher é por natureza, fonte de vida e de energia. Mas para cumprir este destino, ela precisa de boa saúde. O nosso governo tem dado e vai continuar dando uma atenção toda especial à saúde da mulher e da criança.
Criamos o Rede Cegonha, que já beneficiou 930 mil gestantes em mais de 1.500 municípios. Para atingir esta meta já liberamos 452 milhões de reais para assistência materno-infantil.
Em 2011, foram realizadas 20 milhões de consultas pré-natais pelo SUS, um aumento de 133% em relação ao ano de 2003.
No ano passado, as gestantes e as nutrizes de baixa renda passaram a ser beneficiárias do Bolsa Família. Em apenas cinco meses, 241 mil delas já foram beneficiadas.
Temos conseguido bons resultados também com os programas de prevenção e diagnóstico do câncer do colo de útero e de mama.
Minhas amigas e meus amigos, em todo o mundo a voz da mulher se sobressai na defesa da paz, do amor e da justiça.
A mulher brasileira merece, portanto, cada vez mais justiça, amor e paz. E isso deve começar em cada lar.
Desde de 2006, temos na Lei Maria da Penha um instrumento poderoso para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Há poucos dias, o Supremo Tribunal Federal fortaleceu o combate à violência doméstica ao decidir que, se um homem agredir uma mulher, será processado mesmo que ela não apresente denúncia e mesmo que ela retire a queixa.
Nesta área, o governo federal está fazendo, também, a sua parte. Ainda este ano, vamos ampliar para 1.100 unidades os serviços de atendimento à mulher em situação de violência. E vamos reforçar o Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência Contra a Mulher, que já articula, com êxito, ações  nos 27estados brasileiros.
Minhas irmãs brasileiras quero estreitar cada vez mais os laços entre nós.
Quero antes de tudo, que vocês sejam os olhos e o coração do meu governo.
Sejam a minha voz e o meu ouvido. Porque você, minha irmã, é quem mais sente na pele as deficiências do serviço público. Quando leva seu filho ao hospital, você vê como está o atendimento de saúde. Você acompanha a escola do seu filho. Você vê, no supermercado, se o preço da comida está subindo. Você sente medo nas ruas escuras quando volta do trabalho sozinha, sem segurança.
Quero abrir vários canais de escuta da população, em especial com as mulheres.
Pedi ao Ministério da Saúde que, a partir de agora, telefone para todas as parturientes que foram atendidas pelo SUS, e perguntem o que elas acharam do atendimento.
Quero saber de tudo para melhorar, para poder estimular o que está bem e corrigir o que está mal.
Vou ter também, no meu gabinete, monitores ligados a câmeras para que eu, meus assessores, possamos ver como está o atendimento nos principais hospitais e como vai o andamento das grandes obras.
É assim que nós, mulheres, gostamos de cuidas das coisas, vendo todos os detalhes. TIM-tim por tim-tim.
É fundamental que todas vocês me ajudem neste trabalho. Acreditem como eu acredito que a participação é o melhor caminho para mudar o país.
Participem da vida do seu bairro, da sua cidade, do seu estado e da sua nação. Se mobilizem.
Já disse que este é o século das mulheres. Mas não é o século das mulheres contra os homens. É o século da mulher trabalhando ao lado do homem, de igual para igual, batalhando com fé e amor por sua família e por seu país.
Viva o Dia Internacional da Mulher.
Viva a mulher brasileira.
Obrigada, boa Noite.
08.03.2012 - 19h17 - Por UOL Notícias

domingo, 1 de abril de 2012

Reportagens e músicas... o que elas podem nos apresentar?

O Brasil apresenta diferentes culturas, variadas colocações formais e informais, diversos comportamentos, crenças, valores, vestuários, danças, tradições... A diversidade cultural é sinônimo de inclusão, riqueza, união e tolerância. Sendo mais uma forma de oportunizar que todos possam expressar-se e ser respeitado. Diferença jamais poderá ser considerada inferioridade.
Contudo, a diversidade cultural e humana nada tem haver com igualdade. Haja vista que a gênese brasileira foi realizada baseada na exclusão, sem concordância entre negros, brancos e indígenas.
O Brasil é um país rico, porém somos campeões em desigualdades – e, nesse sentido, é essencial destacarmos as questões de gênero e raça.
A palavra racismo faz alusão à raça, intolerância, ódio, preconceito, domínio, segregação, repetição, ignorância... Há, equivocadamente, o pensamento de que algumas raças são superiores às outras. Tudo isso, poderia levar a acreditar que esses fenômenos – preconceito, descriminalização, desigualdade – são constituídos de maneira natural, intrínseco às relações humanas, reafirmando aquilo que Thomas Hobbes relatou: “o homem é o lobo do homem”, isto é, que os seres humanos são maus por sua própria natureza. Porém, sabe-se que esses fenômenos são elementos construídos historicamente, podendo, portanto, serem abolidos de nossa sociedade.
No decorrer dos estudos propostos pelo Curso de Formação em Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça foi citado os estudos do sociólogo Florestan Fernandes, que destacou: “o preconceito é um esforço deliberado das oligarquias dominantes de manter os privilégios raciais vigentes na sociedade escravista, na qual posições sociais eram herdadas tendo como base o pertencimento racial”. Fernandes afirmou ainda que, no Brasil, há o preconceito em se ter preconceito, ou seja, as pessoas recusam-se a admitir que possuem preconceitos.
Neste sentido, é possível atrelar os estudos realizados por Fernandes, a uma reportagem apresentada recentemente pelo Programa “CQC”, da TV Bandeirantes. A matéria entrevistava os cidadãos nas ruas, questionando acerca de diversos assuntos – todos que envolviam questões culturais e raciais. Assim, algumas indagações eram realizadas, como por exemplo: quem você contrataria para ser babá de seu filho: uma pessoa negra ou uma branca? Neste momento, uma entrevistada disse que: “contrataria a branca, porque o negro mora na favela e, não sabe cuidar de criança”.
Outro questionamento realizado foi: quem você escolheria para ser seu vizinho: um europeu ou um africano? Uma pessoa entrevistada afirmou: “o europeu lógico”. E, quando indagada pelo motivo, respondeu: “deixa o africano na África”.
É válido ressaltar que as transcrições não foram realizadas fielmente. Diversas outras perguntas foram realizadas e, com exceção de uma pessoa, todas os demais entrevistados foram extremamente preconceituosos.
Outra matéria vinculada neste mesmo programa, possuía como participantes pessoas comuns, porém com trajes diferentes, além de ter apenas um negro. As pessoas que passavam pela equipe de reportagem eram paradas e indagadas: “quem desses é o favelado?” ou “quais dessas pessoas são bem sucedidas?”. As respostas não precisamos nem mesmo apresentar...
Ao final das reportagens o jornalista perguntava: “você se considerava uma pessoa preconceituosa?”, todos responderam que não... Esta reportagem é um exemplo do preconceito em ser ter preconceito. Demonstra claramente como as pessoas naturalizam os preconceitos e os paradigmas.              
A discriminação contra os negros é baseada em um estigma identificado em sua aparência, ou seja, pela cor da pele, formato dos lábios, do nariz, textura dos cabelos... Assim, os traços físicos mais próximos aos dos brancos são os valorizados, vistos como beleza e superioridade. É possível notar tais afirmações ao nos deportarmos para os padrões de belezas impostos pela nossa sociedade. Observa-se que os cabelos precisam ser lisos ou alisados, narizes afilados... As lentes de contato são utilizadas, para que as pessoas possam ter momentaneamente olhos claros, assim como os europeus. Tais ações são resultados do processo de embranquecimento, colocado em prática diariamente.
Algumas letras de músicas são importantes para realizarmos análises da realidade. Um ótimo exemplo é a canção da banda “O Rappa”: “Todo Camburão tem um pouco de navio negreiro”. A letra relata a realidade enfrentada pelos negros, e, como diz a música: quem segurava com força a chibata, hoje sofre com a repressão, com a abordagem preconceituosa dos policiais, com a cobertura da impressa e, com os demais problemas sociais.
Neste mesmo sentido, a música dos Racionais MC´s – “A Vida é Desafio”, cuja letra diz que: “(...) desde cedo a mãe da gente fala assim: ‘filho, por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor.` Aí passado alguns anos eu pensei: Como fazer duas vezes melhor, se você tá pelo menos cem vezes atrasado pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas psicoses... por tudo que aconteceu. Duas vezes melhor como? (...) 500 anos de Brasil e o Brasil nada mudou (...)”.
Até quando continuaremos tendo preconceito em ter preconceito? Quando assumiremos que a nossa sociedade é preconceituosa? Quando compreenderemos que a diversidade é sinônimo de riqueza?
Como a letra dos Racionais MC´s aborda, nós nunca reparamos o sofrimento passado pelos negros durante a escravidão. Não há convívio sadio entre as raças: os negros ainda sofrem mais com o desemprego, com a falta de oportunidade, com o acesso aos direitos. Vale ressaltar que a segregação nos espaços públicos ainda existe.   
  Ademais, os homens brancos, chamados ironicamente de civilizados, não respeitam (em nenhum aspecto) a cultura indígena: invadem suas terras e interferem na vida cotidiana dos mesmos. Que tipo de harmonia é essa, onde negros devem morar nas favelas/guetos e só saírem de lá para irem aos seus trabalhos? A segregação e a visão de embranquecimento (ambos velados) estão sendo perpetuadas...

DITOS POPULARES... O que vem por trás deles?

O Brasil é famoso por diversas expressões populares, que são perpetuadas por diversas gerações. Neste sentido, podemos exemplificar o dito: “Amanhã é dia de branco”. De acordo com estudiosos e por explicações do senso comum, tal afirmação foi criada em alusão ao uniforme da marinha. Outra justificativa para a declaração é feita com menção a nota de mil cruzeiros, que possuía a estampa do Barão do Rio Branco e, portanto, usava trajes brancos. Em suma, dizer que o dia posterior é “de branco” significa que é um dia de trabalho ou de ganhar dinheiro. Será que é somente isso?
Sabe-se que tal dito popular foi ganhando sentidos preconceituosos... diversas vezes escutamos a afirmação “Amanhã é dia de branco” e, em seguida, uma “piada” racista. Ou seja, não seria esta frase mais uma maneira “velada” do racismo fazer-se presente em nossa sociedade? Será esta mais uma maneira subentendida e simbólica de demonstrar a “inferioridade dos negros”? Sem sombra de dúvidas, tal afirmação é uma negativa à capacidade do negro como mão de obra assalariada, diante dos brancos e imigrantes europeus. A ideia é lançar na imagem do negro a figura de preguiçoso, e na imagem do branco a figura de trabalhador.
Outrossim, há ainda diversas piadas sobre os baianos... todas relacionam as pessoas nascidas na Bahia como preguiçosas e que não gostam de trabalhar. Não podemos achar mera coincidência o fato de que recentemente a cidade de Salvador (capital baiana) tenha sido considerada a “Roma negra”, pelo fato de ter o maior número de negros em um município fora da África.
Em síntese, mais uma vez os negros têm sido vistos como indolentes e ociosos. Pois bem, para desmitificar tais afirmações (pois, tais ditos populares são, sim, dotados de preconceitos), optamos por realizar indagações, que remetem a resgates históricos: Quem foi que construiu (e, que ainda constrói) esse país?! Quem foi escravizado e ainda não foi reparado por tamanhas injustiças? Quem foi lançado a imensas horas de trabalho no período da revolução industrial?
Sabe-se que todos nós somos pertencentes à mesma raça: humana. Todavia, não podemos desconsiderar que temos uma dívida histórica com a sociedade negra. Ademais, foram séculos de escravidão e, as consequências são vistas ainda nos dias atuais. É inegável a existência de uma exclusão racial. Portanto, é necessário enfatizar que todo e qualquer tipo de racismo é prejudicial.
Neste mesmo sentido, o dito popular: “em briga de marido e mulher, ninguém coloca a colher”, demonstra um enorme preconceito. Ou seja, a expressão reforça que: vizinhos, familiares, amigos e o Estado não devem envolver-se nas situações de violência contra as mulheres. Esta expressão objetiva reforçar a ideia de que o doméstico não deve ser objeto de discussão do público. Para tanto, é necessário reforçar que: “em briga de marido e mulher o Estado e a sociedade devem, sim, meter a colher”. De um modo geral, a sociedade, independentemente do momento histórico, sempre considerou a violência doméstica como um problema de âmbito privado.
Vamos acordar Brasil! Até quando continuaremos com preconceitos?   


VI Corrida de Rua da Mulher.

No dia 25 de março, a Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (Semcid), promoveu a VI Corrida de Rua da Mulher. O evento faz parte das atividades realizadas pela PMV para enfatizar a importância de uma cultura sem preconceito e violência contra as mulheres. Apresenta também o intuito de mobilizar a sociedade para comemorar o Dia Internacional da Mulher, promovendo a auto estima feminina e ressaltando o respeito e os direitos humanos.
A corrida acontece com a premiação para diversas categorias, como: “faixa etária”, “paraolímpicos”, “federadas do atletismo”, “servidoras da prefeitura”, “profissionais da segurança”, “caminhantes”, “travestis e transexuais” e “homens” – afinal um evento com tal objetivo não pode deixar de incluir os homens, para que os mesmos possam atentar-se para o tema.
A assistente social Rúbia Ferreira Bastos, servidora da Prefeitura Municipal de Vitória, participou do evento em 2011, tendo inclusive garantido o terceiro lugar na sua categoria. A corredora enfatizou que: “tenho paixão pelas corridas de rua. A corrida de rua das mulheres é especial. Em maio de 2010 sofri um grave acidente de carro, fiquei meses para me recuperar, passei por cirurgias e fisioterapias. Então, a corrida de rua das mulheres de 2011 foi ainda mais especial, pois foi o primeiro evento que participei após o acidente. Imagine a felicidade de voltar a correr e ainda conquistar o 3ª lugar na corrida?! Então... sempre gostei de correr e, após 10 meses do acidente voltei! Essa corrida representou um desafio, pois era o caminho para a superação de um acidente grave, fui com determinação, força de vontade e acima, de tudo, com muita fé, porque eu sabia q um dia voltaria a correr. Afinal, sou mulher e amo desafios. A corrida foi um desafio ímpar. Foi o vencimento de barreiras, dos meus próprios limites... Quando me chamaram no pódio, eu só agradecia a Deus, a dádiva de estar viva e, além disto, voltando a fazer o que gosto”. 
Contudo, devido ao número restrito de vagas, Rúbia não participou do evento neste ano, mas foi conferir de perto a desenvoltura dos demais competidores.
 Aqueles que participaram – como corredores ou não – puderam observar um grande número de famílias aproveitando o momento. Além disso, o evento foi marcado por vários grupos de amigos e também por manifestações e comemorações, destinados ao Dia Internacional da Mulher.
E aí? Que tal animar para o próximo ano? Fique atento, afinal as inscrições são limitadas...

                                                                 Fonte: divulgação PMV
http://www.vitoria.es.gov.br/secom.php?pagina=noticias&idNoticia=8165
Entrevista realizada pelas autoras do blog.

Mesa redonda: “A Nova Matriz da Política Pública para as Mulheres, aprovada na III Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres”.

A Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos, realizou no dia 19 de março a mesa redonda: “A Nova Matriz da Política Pública para as Mulheres, aprovada na III Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres”.
O evento aconteceu no auditório da PMV e contou com a participação das palestrantes/debatedoras:
·           Cristina Buarque, da Secretaria de Estado da Mulher de Pernambuco, que palestrou acerca dos desafios para implementação das políticas públicas para as mulheres;
·           Gilsa Barcelos, Membro do Fórum de Mulheres do Espírito Santo, cuja fala remeteu-se principalmente aos movimentos sociais e as conquistas históricas;
·           Beatriz Nader, Professora Drª do Departamento de História da UFES e uma das responsáveis pelo Curso de Formação em Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça.
Embora o evento tenha sido divulgado com a participação da Iriny Lopes e Ana Rita Esgário, as convidadas não puderam comparecer, haja vista a necessidade de estarem em Brasília, realizando outros debates e cumprindo compromissos.
Em suma, o momento foi enriquecedor para discussões acerca da questão de gênero. Muito foi enfatizado acerca do movimento feminista, tendo em vista a grande perseguição sofrida pelas militantes (tanto pela direita, quanto pela esquerda), pois a luta pela autonomia e por estrutura de igualdade gera diversas resistências.
Neste sentido é válido destacar o pensamento de Cristina Buarque de que: “a autonomia não pode ser fracionada e, trata-se de um direito que ainda estamos conquistando, pois queremos nos autodesoprimir. Ninguém constrói a autonomia e o empoderamento do outro. A autonomia econômica é totalmente dependente da ideológica (a primeira não impedirá que a violência doméstica ocorra, por exemplo)”. Buarque apresentou a experiência realizada pela Secretaria da Mulher de Pernambuco, criada em janeiro de 2007, cuja missão principal é promover os direitos das mulheres, realizando assessoria ao Governo do Estado para a execução e efetivação de políticas públicas para as mulheres; realização de campanhas educativas contra a discriminação de gênero; enfrentar a violência contra as mulheres; promover a igualdade; dentre outros. Para que tais objetivos sejam alcançados, é necessário olhar para a sociedade civil, empresários, universidades e gestores, ou seja, o trabalho não pode ser restrito a um único âmbito.
Debates enriquecedores foram gerados pelo fato das mulheres não serem cuidadas, mas estarem realizando o cuidado durante todo o tempo.
A III Conferência não criou um novo Plano, todavia realizou adaptações ao II Plano Nacional de Políticas para Mulheres (II PNPM). Neste seminário foi informado que no Espírito Santo, apenas a cidade de Serra possui uma Secretaria Municipal para as Mulheres. E, somente os municípios de Vitória e Cariacica trabalham como uma Gerência de Gênero. Em suma, foi possível observar que as políticas públicas para as mulheres em nosso Estado estão marchando, porém há um trajeto árduo para ser percorrido, haja vista que o poder público continua adotando lentos passos para trilhar este caminho. Em contrapartida, a sociedade civil encontra-se cada dia mais engajada.
Ademais, a debatedora Gilsa Barcelos, destacou os 20 anos de existência do Fórum de Mulheres, ressaltando a importância da participação popular e do controle social para que as conquistas sejam alcançadas. Diante disto, as criações das Delegacias das Mulheres foram lembradas, bem como a elaboração da Lei 11.340 de 2006, também conhecida como a Lei Maria da Penha. Esta Lei, por sinal, ainda não é conhecida por muitas mulheres rurais. Em síntese, Barcelos enfatizou que: “o enfrentamento da violência e das desigualdades de gênero é preciso, para tanto é necessário uma parceria entre o Estado e a sociedade civil. É preciso atuarmos com a prevenção, realizarmos trabalhos em parceria com a educação infantil, a questão de gênero precisa ser debatida também com crianças”.
Em unanimidade, as palestrantes/debatedoras acreditaram ser essencial realizarmos novos debates voltados sobre a questão do aborto.
Em suma, a discriminação mata! E quem morre são as mulheres negras e pobres.
(é válido destacar que o texto foi elaborado por meio de anotações realizadas pelas próprias autoras deste blog).