sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Evasão escolar e homossexualidade

Imagem extraída de http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/9/homofobia_aumenta_numero_de_casos_de_evasao_escolar_33747.html
É fato comprovado que a maioria dos homossexuais acabam abandonando a escola. Isso ocorre devido ao preconceito e a discriminação presente no ambiente escolar. Em uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 13 capitais do país e no Distrito Federal, no ano de 2004, 25% dos alunos afirmaram que não gostariam de estudar com um homossexual. Além disso, 20% dos pais disseram não querer na sala de aula do filho, um homossexual (POTY, 2009).
Os números assustam. A evasão escolar entre os homossexuais é grande, e os travestis são os que sofrem maior preconceito. A maioria acaba desistindo da escola por causa do preconceito, da discriminação e da perseguição que sofrem por colegas e professores. Na maior parte das vezes, ações discriminatórias passam impunes, sem a intervenção de ninguém. Em pleno século XXI, ainda é comum temas importantes que não são abordados pelas escolas, vistos pelos professores como tabus (AMARAL NETO, 2011).
Assim, às vezes, o professor não sabe lidar com a situação, e em outras, o preconceito está nele mesmo. A aceitação e valorização das diferenças ainda é uma atitude rara nas escolas, que tem por costume tentar padronizar a todos. A violência diante da diferença é enorme e nem sempre é física ou fácil de detectar. Entretanto, o professor, como mediador do processo de aprendizagem, precisa aprender a identificar e lidar com a questão.
A sociedade, e a escola como instituição social, acredita na existência de uma único padrão comportamental: o heterossexual. Outras formas de comportamento são vistos como não naturais. Entretanto, as recentes pesquisas nas áreas sociais têm dito que o comportamento é construído pela sociedade. Não há, neste sentido, um comportamento inerente ao ser humano, é a sociedade que dita os comportamentos esperados de cada gênero.
Dessa forma, gênero e sexo, são, a luz da ciências, conceitos distintos, pois sexo é relativo a natureza animal, masculino ou feminino, o que abrange as características físicas e biológicas da espécie. Gênero é tudo relativo às expectativas e construções sociais que a sociedade impõe aos seres humanos. Isso significa que, conforme nos fala NADER (2011), a sociedade exige de cada sexo um tipo de comportamento, desenvolvendo uma ideia de heteronormalidade, ou seja, que o normal, o natural e o saudável é ser homossexual.
Essa ideia se encontra arraigada no imaginário social e a escola, como fragmento social, termina por perpetuar tal visão. Muitas ações têm sido tomadas contra esse tipo de preconceito, especialmente dentro do programa do Ministério da Educação (MEC) Brasil sem Homofobia. A produção de materiais didáticos voltados para o assunto, visando capacitar professores para trabalhar com a temática teve inicio desde 2005 (BRASIL, 2011).
Muitos profissionais ainda acham que homossexualidade é doença, que os homossexuais precisam de tratamento, que o aluno homossexual precisa de tratamento psicológico, quando não de umas boas correções dos pais ou responsáveis. A ideia das propostas é educar os profissionais envolvidos na educação para que possam agir diante das piadas preconceituosas, dos cochichos nos corredores, na exclusão dos homossexuais e saibam o que fazer diante das agressões físicas e psicológicas pelas quais passa os alunos homossexuais.
As atitudes de exclusão, preconceito, discriminação e violência têm impacto direto sobre a autoestima dos alunos homossexuais, sobre o entendimento da sociedade e sobre o rendimento escolar dos mesmos. Muitos passam a odiar o espaço escolar e a aprendizagem não acontece. Na maior parte das vezes, a situação se torna tão insuportável que o aluno opta por mudar de escola ou mesmo abandonar o espaço escolar.
Vários cursos estão sendo ofertados, desde 2005, para os professores sobre sexualidade, diversidade cultural e sexual como forma de que esses profissionais possam interferir nos casos de homofobia. Muitos livros didáticos já estão sendo voltados para a temática da diversidade sexual e cultural. Até pouco tempo, muitas publicações possuíam em seu contexto conceitos discriminatórios. Atualmente, a questão vem sendo abordada, mesmo que ainda tais mudanças tenham acontecidos a passos muito lentos.
Entretanto, a questão exige abordagem rápida. Os estudantes homossexuais têm seu desempenho escolar afetado e precisam de mudanças urgentes. Segundo artigo publicado pela Associação Lésbica de Minas (2009), a escola, que deveria ser um espaço de proteção social, de democracia e de valorização das diversidades precisa se atualizar de forma cada vez mais dinâmica a fim de tornar a sociedade um espaço de tolerância e respeito às diferenças.
Enquanto as escolas não adotarem uma postura de inserção dos estudantes homossexuais em seu contexto, enquanto não promoverem as políticas de valorização da diversidade, será grande o número de homossexuais fora das salas de aulas. É preciso promover uma transformação no cotidiano escolar e para isso, é preciso que os profissionais da educação busquem conhecer mais as políticas públicas voltadas para gênero.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AMARAL NETO, Castúlio do. Diários escolares: Fragmento e memórias de homossexuais no cotidiano escolar. Disponível em: <http://www.armariox.com.br/documentos/textoeducargls.doc>. Acesso em: 24 ago. 2011.

Associação Lésbica de Minas. Homossexuais enfrentam preconceitos diários nas escolas. Minas Gerais, 2009. Disponível em: <http://www.alem.org.br/modules/news/article.php?storyid=98>. Acesso em: 24 ago. 2011.



BRASIL. Ministério da Educação. Programa Brasil sem Homofobia. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf>. Acesso em 24 ago. 2011.


NADER, Maria Beatriz. Gênero, Sexo e Sexualidade. Disponível em: <http://www.gppgr.neaad.ufes.br/file.php/112/Modulo2/mod2_unid1.html>. Acesso em: 24 ago. 2011.

POTY, Clarissa. Preconceito afasta homossexuais da escola. Rio de Janeiro: O Dia, 2009. Disponível em: <http://www.portalodia.com/noticias/piaui/preconceito-afasta-homossexuais-da-escola-12561.html>. Acesso em 24 ago. 2011.

"Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos."
(Santo Agostinho)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Para Refletir

Você aprendeu na escola sobre respeitar os índios?
Sim?!
Virou índio?
Não?!
Então por que acha que ensinar seu filho a respeitar os homossexuais o fará se tornar um?

domingo, 14 de agosto de 2011

Mulheres e o trabalho doméstico

Imagem extraída de: http://linguadefogo2.wordpress.com/2011/06/11/mulheres-ganham-espaco-na-sociedade-mas-dupla-jornada-persiste/
 
As mulheres brasileiras se envolvem no trabalho doméstico três vezes mais do que os homens. A ideia de que a mulher é responsável por cuidar da casa e dos filhos é um preconceito cultural, arraigado em nossa sociedade. A construção social de gênero em nossa sociedade é vista como natural e quem ousa questionar tal postura é visto com certa desconfiança. Assim, logo criança, a menina recebe de presente bonecas, casinhas, brinquedos representando eletrodomésticos para aprender a cuidar da casa e dos filhos. O menino recebe carrinhos, bolas... Para ele, a conquista do mundo; para elas, o lar! Ficar responsável pelo trabalho doméstico, além de conduzir a mulher a uma dupla jornada de trabalho, também é um impedimento para sua ascensão profissional.

As mulheres fazem 78% do trabalho doméstico no Brasil, revelou um estudo de pesquisadores noruegueses.
Em média, uma brasileira dedica 33,5 horas por semana – quase 5 horas diárias – a afazeres como cozinhar e limpar a casa, de acordo com o estudo. Já os homens dedicam pouco mais de 10 horas a tarefas domésticas.
As brasileiras só ficam atrás das chilenas, que gastam 38,3 horas por semana nas tarefas domésticas, contra 9,3 horas gastas por seus pares chilenos.
A pesquisa analisou a realidade de 17,5 mil casais de pessoas entre 25 e 65 anos, casados ou que vivem juntos, e que responderam em 2002 à pesquisa social internacional (ISSP, na sigla em inglês), uma espécie de censo social mundial.
Os pesquisadores da Universidade Stavanger e do Instituto de Sociologia de Bergen, na Noruega, colocaram lado a lado os resultados referentes a 34 países desenvolvidos e em desenvolvimento.
As conclusões foram publicadas na versão online da European Sociological Review.
Razões
Em média, as mulheres desempenham 73% do trabalho doméstico – mas no Japão, essa proporção chega a 91%.
Enquanto as japonesas passam em média 27 horas por semana debruçadas sobre os afazeres da casa, os japoneses gastam apenas 2,5 horas – o equivalente a menos de meia-hora por dia.
O estudo afirma que a quantidade de trabalho feminino é determinada principalmente pelo grau de autonomia dado às mulheres, enquanto o trabalho dos homens varia de acordo com a dinâmica das atividades econômicas.
Os países em que as mulheres menos trabalham em casa são a Noruega (menos de 12h por semana), a Finlândia (12 horas por semana) e a França (12,2 horas por semana).
Mas, entre estes países, os homens franceses são os que trabalham menos – 3,7 horas por semana, acima apenas dos japoneses. A divisão de trabalho na França é parecida com a do Brasil, com as mulheres sendo responsáveis por 77% das responsabilidades do lar.
Na Noruega, os homens trabalham 4,3 horas por semana – deixando para a mulher 73% do tempo dedicado aos trabalhos domésticos. Já na Finlândia, os homens passam quase 6 horas com essas atividades – 67% do tempo gasto pelo casal.
Os países onde a relação é mais balanceada (em todos a mulher responde por 64% do tempo gasto) são a Letônia (18,5 horas para mulheres, 11 horas para os homens), Polônia (20 horas para as mulheres, 12 horas para os homens) e Filipinas (24 horas para as mulheres, 13 horas para os homens).

Extraído de:
Mulher 'faz 78% do trabalho doméstico no Brasil. Disponível em: http://www.nominuto.com/noticias/mundo/mulher-faz-78-do-trabalho-domestico-no-brasil/6716/. Acesso em: 13 ago. 2011.

Já vai longe a época em que queimar sutiãs em praça pública simbolizava a luta pela igualdade dos sexos. Enquanto os sutiãs alcançaram novo status, tornando-se peças de vestuário a serem exibidas, o avanço feminino nos campos profissionais não foi acompanhado por estruturas que facilitem a dedicação ao trabalho na maioria dos países.

(Autoria desconhecida)



domingo, 7 de agosto de 2011

Não é estupro se for na Globo

Imagem extraída de http://maisqhistoria.blogspot.com/
O estupro é uma das formas de violência mais cruéis. Não é apenas a violência física, como uma porrada ou um chute no rim, é também a violação do corpo, do privado, do íntimo, a submissão e humilhação. Há também graves consequências, físicas e psicológicas que podem resultar desse ato. Desde uma gravidez, passando pela contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, até ferimentos graves na vagina e no reto. A grande maioria das vítimas de estupro são mulheres. Esse é mais uma das formas de discriminação contra o gênero feminino.

Há alguns meses a arroba mais influente do Twitter, como Rafinha Bastos gosta de ser chamado, foi duramente criticado por fazer uma piada sobre estupro dizendo que “mulher feia quando é estuprada deveria agradecer”. Além dos ataques no Twitter, o Ministério Público decidiu investigá-lo por conta da piadinha desrespeitosa e de péssimo gosto. Nada mais justo. Estupro ou qualquer outro tipo de abuso sexual é algo nojento e criminoso. Além disso, uma “piada” como essa fere a dignidade de quem já passou por essa situação e dos seus familiares. Eu tenho um caso de estupro na família e me sinto ofendido quando vejo alguém banalizando algo tão grave.
Paralelo a tudo isso, a nova sensação do sempre engraçadíssimo e inovador Zorra Total [/ironia] conta da história de uma transexual e sua amiga feia que andam em um metrô lotado e suas desventuras cotidianas. Tudo isso em meio a um bordão que se popularizou rapidamente: Ai, como eu tô bandida!
O roteiro do quadro não muda: Janete encontra Valéria, elas comentam sobre a cirurgia de mudança de sexo de Valéria, fazem uma brincadeira de “você gosta?” – “gosto” até o infinito que irrita o telespectador e a personagem, Valéria dá meia dúzia de patadas e apelidos em Janete e, por fim, alguém abusa sexualmente de Janete no vagão lotado. Neste momento Valéria, muito debochada, diz pra amiga aproveitar o momento porque não é sempre que uma mulher como ela tem esse tipo de sorte. Ou seja, em meio a todas as claques e clichês que imperam no programa de sábado, ensinamos semanalmente que a mulher não deve reagir ou se ofender caso seja sexualmente abusada, e caso venha a sofrer um estupro, deve se sentir sortuda, pois nenhum homem gostaria de se envolver com uma mulher feia. Percebam que é exatamente a mesma piada que saiu da boca de Rafinha Bastos e foi absurdamente pisoteada. Porém na Globo sua projeção é outra, torna-se benéfico. Ignora-se o fato do desrespeito a dignidade. O pior de tudo: tal quadro alcança hoje 25 pontos no Ibope. Todo sábado a noite o mesmo roteiro ensina às mesmas pessoas que estupros e abusos sexuais são bençãos, e não devem ser denunciados.
Fica a pergunta: Qual a diferença do estupro de Rafinha Bastos e do estupro de Valéria e Janete? Nenhuma, salvo o poder de penetração da mensagem. Enquanto Rafinha atende a um público mais “elitizado” socio-culturalmente (afinal, ele é defensor do tal ‘humor inteligente’, apesar dos quilos de preconceito), o Zorra Total vai de encontro com um povo que provavelmente não teve acesso a informação e que utiliza na maioria das vezes a televisão como seu quadro negro involuntário. Os quadros subsequentes colocam a mulher como unicamente uma fêmea, um objeto sexual, ridicularizam o fato Presidência do Brasil estar nas mãos de uma mulher e passam uma hora semanal fazendo o retrógrado humor da mulher de pouca roupa, erotizando o telespectador. Esse é o mesmo programa que ensina que estupro é o novo ‘casar e ter filhos’. É um humor machista e misógino. Eu sinceramente não acho a menor graça dessa bandidagem da Valéria.
Aos que não sabem: hoje no Brasil, 43% das mulheres brasileiras sofrem violência doméstica; uma mulher é violentada a cada 12 segundos; a cada duas horas uma mulher é assassinada. E você vai continuar rindo disso?

Extraído de: MÁRCIO, João. Não é estupro se for na Globo. Disponível em: http://eusoqueriaestudar.wordpress.com/2011/08/02/nao-e-estupro-se-for-na-globo/. Acesso em: 07 ago. 2011.

As pessoas ligam a televisão quando querem desligar o cérebro. Infelizmente...
(Steve Jobs)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência contra as Mulheres

Imagem extraída de http://www.gppgr.neaad.ufes.br/
Tive a oportunidade de ser aluna do atual secretário municipal de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória, João José Barbosa Sana, e atualmente, ele é membro, assim como nós, do curso de Gestão em Políticas Públicas em Gênero e Raça, oferecido pela Universidade Federal do Espírito Santo. Sei da sua preocupação para políticas relamente importantes para a erradicação da violência contra a mulher (e contra toda forma de violência). Importante atitude de se colocar em ação!

O seminário de lançamento do Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência contra as Mulheres acontece nesta sexta-feira (05) a partir das 14 horas no auditório da Emescam, em Vitória. O Fórum tem como princípio a articulação e mobilização de esforços dos homens capixabas para a discussão necessária sobre o enfrentamento da violência contra a mulher. Durante o lançamento do Fórum as estatísticas de violência que mostram a vulnerabilidade social da mulher serão debatidas.
De acordo com o secretário municipal de Cidadania e Direitos Humanos, João José Barbosa Sana, "é importante que iniciativas de desconstrução da violência contra a mulher partam dos homens, principais perpetradores dessa desigualdade de gênero, sempre na perspectiva de romper com os estereótipos que legitimam essa dominação".
O manifesto de fundação do Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência Contra as Mulheres aponta que é preciso "substituir o machismo e sua ideologia dominante marcada pelo preconceito, por uma cultura de afirmação de uma masculinidade não violenta e que não precisa temer pela busca de relações solidárias, baseadas na complementaridade de pensamentos, sentimentos e ações com as mulheres".

Extraído de: Homens capixabas vão debater fim da violência contra mulheres. Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/08/a_gazeta/minuto_a_minuto/924519-homens-capixabas-vao-debater-fim-da-violencia-contra-mulheres.html. Acesso em: 04 ago. 2011.

“A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”
(Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, dezembro de 1993.)

Mulheres Brasileiras: Uma breve abordagem histórica

Imagem extraída de http://superqueens86.blogspot.com/2006/03/feliz-dia-internacional-da-mulher-para.html
Nos primeiros anos coloniais, a maior parte dos africanos e portugueses que vieram para o Brasil eram homens. O tráfico negreiro trazia três vezes mais rapazes do que moças. Preocupado, o governo português chegou a deportar prostitutas e órfãs para o Brasil, para organizar famílias estruturadas no país.
Depois da independência, o crescimento natural da população já era considerável. Portanto, o número de mulheres 'livres' brancas e mestiças foi se igualando o de homens da mesma condição. Cerca de 30% dos escravos estavam ligados a laços familiares, ou seja, formavam um casal e filhos.
Entretanto, a violência dos homens sobre as mulheres era uma constante em todos os grupos sociais. Estupros, surras, assassinatos. Aturar calada as amantes do esposo, levar pancadas, estar sempre disposta sexualmente, eis quase a regra do sagrado matrimônio, na época.
Os pais acreditavam que as mocinhas existiam apenas para arrumar um marido e servi-lo. Assim, ler e escrever só para meninas da elite, e com a finalidade de copiar as receitas dos quitutes que deveriam preparar aos maridos. Com 12 ou 13 anos, as meninas paravam de estudar.
Entretanto, a resistência feminina existia. Para muitas mulheres, o caminho da emancipação passava pelos estudos. No fim do século XIX formaram-se as primeiras médicas brasileiras. A época era conservadora. No fim da década de 1880 quando se formaram as primeiras advogadas, o preconceito ficou ainda mais claro: Pouquíssimos juízes as autorizaram como defensoras. De forma geral, a elite só admitia realmente o trabalho feminino das camadas populares da sociedade.
A situação começou a mudar, gradual e lentamente, nas últimas décadas do século XIX. Na Europa, apareciam movimentos em defesa dos direitos elementares das mulheres, como o de estudar até a faculdade e o de votar. Após 1850, vários movimentos e organizações desta natureza, surgiram defendendo bandeiras de direito à educação e ao voto femininos, no Brasil. Várias mulheres passaram a denunciar a ignorância, o machismo e a discriminação em que eram mantidas. O protesto de muitas era contra a condição de dependência em relação aos homens e a negativa do acesso ao voto e à instrução das mulheres.
Neste período, cresciam as cidades e mercados, alterando os comportamentos. As mulheres também se tornavam consumidoras. Assim, quer fossem da elite ou da classe média, podiam passear pela cidade (mesmo assim, somente acompanhadas), olhar as vitrines, frequentar teatros (as da elite), as pracinhas...
A campanha abolicionista contou com a colaboração do “sexo frágil”. Desde as que preparavam doces e arranjos de flores para levantar grana para o movimento, até as que escreviam artigos em jornais antiescravistas.
No fim do século XIX, mulheres da elite e da classe média lançaram diversos jornais feministas, principalmente nas grandes cidades. Na época, nenhum país da América Latina teve tantas publicações do gênero como o Brasil. Muitos defendiam a instrução superior para as mulheres, o voto feminino e o direito ao divórcio.
Esses jornais tinham uma razoável penetração nas camadas mais instruídas da população, atuando significativamente nas conquistas mais recentes da história das mulheres brasileiras. Associados aos jornais, houveram muitas manifestações que culminaram nas leis atuais, de uma tentativa de paridade entre gêneros.
Entretanto, ainda há até hoje pessoas que acham que o destino das mulheres é o casamento e os serviços domésticos e que aquelas que fogem desse destino são mulheres desvirtuosas e indignas.

REFERÊNCIAS

PRIORE, Mary Del (org.). História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"
(Simone de Beauvoir)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Raça

Imagem extraída de http://marcosshabat.blogspot.com/2010/01/raca-humana.html
Em 1995, o Dr. Luca Cavalli-Sforza, professor emérito da Faculdade de Medicina de Stanford publicou um livro com mil e tantas páginas cheias de gráficos, equações e estatísticas, a partir de pesquisas genéticas em mais de dois mil povos diferentes, no qual concluiu que "a cor dos olhos, da pele, as proporções corporais e os tipos de cabelos são vernizes passados sobre uma estrutura biologicamente idêntica". Desta forma, diz ele, "não há base científica conhecida para afirmar que uma população é intelectual ou fisicamente superior à outra". (Extraído de: SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica do Brasil: 500 anos de História malcontada. São Paulo: Nova Geração, 1997.). O termo Raça, quando utilizado neste blog, deve ser analisado sobre o ponto de vista social e político, a fim de considerar a existência do racismo, como prática na sociedade. O termo raça então, ganha dimensão social, apenas, já que vivemos em uma sociedade racializada, que julga o outro pela sua aparência. Trata-se de uma conceito que envolve relações ideológicas de poder e de submissão, dentro da estrutural social e política.

REFERÊNCIA

NADER, Maria Beatriz. Políticas Públicas e Promoção de Igualdade. Disponível em: http://www.gppgr.neaad.ufes.br/course/view.php?id=111. Acesso em: 30 jul. 2011. 

"Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra. É uma profecia mas todo mundo sabe que isso é verdade"
(Bob Marley)
 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mais um caso de violência contra a mulher em Venda Nova do Imigrante

Imagem extraída de http://www.faroldanossaterra.net/violencia-domestica-no-namoro-na-casa-da-cultura-de-santa-comba-dao/

Venda Nova do Imigrante foi palco durante o último fim de semana do mês de julho de 2011 de mais um caso de violência contra a mulher, no Estado do Espírito Santo. A frequência de casos de agressão contra a mulher por seus companheiros ou ex-companheiros assusta. Mesmo perante a rigorosa legislação em decorrência da Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, são frequentes os casos de violência, o que assusta, horroriza e deixa indignado uma parcela grande da população. Ainda é muito comum o sentimento de posse e de tentativa de dominar a atual ou a antiga companheira, prática associada com ao machismo, ao preconceito e à discriminação de gênero, como poderemos observar em mais um caso ocorrido em nossa cidade.

(01/08/2011) Mãe e filho foram baleados enquanto conversavam com vizinhos na frente de casa ontem (31) em Cotia, na zona rural de Venda Nova do Imigrante. Os tiros vieram do cafezal próximo e tudo indica que o autor seja o ex-marido da amiga da vítima, o lavrador Jocimar Lopes Camporez, 36 anos, já que ele deixou um celular cair na plantação. Celedir Trabach, 43, e R.T.O, 16, foram socorridos no Hospital Padre Máximo e receberam alta na manhã desta segunda-feira (1º).
O crime ocorreu por volta das 18h10. Os vizinhos, entre eles três crianças, estavam na frente de suas casas quando ouviram um barulho vindo do cafezal. Eles chegaram a pensar que fosse um cachorro, e R.T.O jogou uma pedra na tentativa de espantar o suposto animal. Foi quando o suspeito começou a atirar contra o grupo.
De acordo com a delegada Maria Elisabete Zanoli, o alvo seria Aparecida Venâncio, 30, ex-mulher do acusado, que estava junto com Celedir e o seu filho quando ocorreram os disparos. Três tiros de revólver calibre 32 atingiram a perna do menor, e outros dois o braço esquerdo da mãe dele.
Com medo, todos se trancaram dentro de uma das casas até a chegada da Polícia Militar de Conceição do Castelo. O adolescente perdeu muito sangue e chegou desmaiado ao hospital de Venda Nova. Foram feitas buscas nas redondezas, mas o suspeito não foi localizado.
Ainda segundo a delegada, uma testemunha teria visto Jocimar armado mais cedo em um bar na localidade de Santa Luzia, a cerca de três quilômetros. “Ele tem várias denúncias por agressão contra a ex-mulher, com quem tem uma filha de quatro anos. Bem provável que ele não aceite a separação”, disse.

Publicado em: 
FIDELIS, Leandro. Mãe e filho feridos em tentativa de homícideo em Venda Nova. Disponível em: http://radiofmz.com.br/website/site/Noticia.aspx?id=6365. Acesso em: 02 ago. 2011.


A ignorância é a raiz de todos os males. Ela é que causa doenças, violência, intolerância, miséria, fome, preconceito...
(Dilson de Oliveira Nunes)