domingo, 1 de abril de 2012

DITOS POPULARES... O que vem por trás deles?

O Brasil é famoso por diversas expressões populares, que são perpetuadas por diversas gerações. Neste sentido, podemos exemplificar o dito: “Amanhã é dia de branco”. De acordo com estudiosos e por explicações do senso comum, tal afirmação foi criada em alusão ao uniforme da marinha. Outra justificativa para a declaração é feita com menção a nota de mil cruzeiros, que possuía a estampa do Barão do Rio Branco e, portanto, usava trajes brancos. Em suma, dizer que o dia posterior é “de branco” significa que é um dia de trabalho ou de ganhar dinheiro. Será que é somente isso?
Sabe-se que tal dito popular foi ganhando sentidos preconceituosos... diversas vezes escutamos a afirmação “Amanhã é dia de branco” e, em seguida, uma “piada” racista. Ou seja, não seria esta frase mais uma maneira “velada” do racismo fazer-se presente em nossa sociedade? Será esta mais uma maneira subentendida e simbólica de demonstrar a “inferioridade dos negros”? Sem sombra de dúvidas, tal afirmação é uma negativa à capacidade do negro como mão de obra assalariada, diante dos brancos e imigrantes europeus. A ideia é lançar na imagem do negro a figura de preguiçoso, e na imagem do branco a figura de trabalhador.
Outrossim, há ainda diversas piadas sobre os baianos... todas relacionam as pessoas nascidas na Bahia como preguiçosas e que não gostam de trabalhar. Não podemos achar mera coincidência o fato de que recentemente a cidade de Salvador (capital baiana) tenha sido considerada a “Roma negra”, pelo fato de ter o maior número de negros em um município fora da África.
Em síntese, mais uma vez os negros têm sido vistos como indolentes e ociosos. Pois bem, para desmitificar tais afirmações (pois, tais ditos populares são, sim, dotados de preconceitos), optamos por realizar indagações, que remetem a resgates históricos: Quem foi que construiu (e, que ainda constrói) esse país?! Quem foi escravizado e ainda não foi reparado por tamanhas injustiças? Quem foi lançado a imensas horas de trabalho no período da revolução industrial?
Sabe-se que todos nós somos pertencentes à mesma raça: humana. Todavia, não podemos desconsiderar que temos uma dívida histórica com a sociedade negra. Ademais, foram séculos de escravidão e, as consequências são vistas ainda nos dias atuais. É inegável a existência de uma exclusão racial. Portanto, é necessário enfatizar que todo e qualquer tipo de racismo é prejudicial.
Neste mesmo sentido, o dito popular: “em briga de marido e mulher, ninguém coloca a colher”, demonstra um enorme preconceito. Ou seja, a expressão reforça que: vizinhos, familiares, amigos e o Estado não devem envolver-se nas situações de violência contra as mulheres. Esta expressão objetiva reforçar a ideia de que o doméstico não deve ser objeto de discussão do público. Para tanto, é necessário reforçar que: “em briga de marido e mulher o Estado e a sociedade devem, sim, meter a colher”. De um modo geral, a sociedade, independentemente do momento histórico, sempre considerou a violência doméstica como um problema de âmbito privado.
Vamos acordar Brasil! Até quando continuaremos com preconceitos?   


8 comentários:

  1. Cara, como vcs sao babacas! Ao extremo!

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  2. A pouco tempo em uma reflexão de amigos a respeito desta expressão: “Amanhã é dia de branco”, começamos a refletir sobre o teor negativista da mesma, e a conclusão fora a mesma que vocês expuseram nessa matéria, ou seja, o cunho racista e subliminar embutido.
    Agradeço a visão realista com que expuseram tal situação coloquial, que vivemos no Brasil. Quero agradecer e parabenizá-los por trazer a tona tal problemática, e quem sabe, um dia com coerência e igualdade, consigamos equalizar esta catastrófica realidade sofrida pelos seres humanos negros. Obrigado!

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  3. MUNDO CHATO, CHEIO DO MIMIMI!
    A expressão não tem o cunho racista que alguns pretendem conferir. A origem é doméstica, referindo-se ao dia de lavagem das roupas de cama, antes todas brancas, que ornavam os varais, sendo motivo para o descanso mais cedo na véspera, pois a lavagem era feita nos tanques e no muque.

    Nasceu na marinha, onde os membros "reclamavam" do último dia de sua folga e teriam que voltar a utilizar seu uniforme BRANCO para longas estadias no mar. Ou seja, dia de retorno ao trabalho, dia de branco (uniforme).

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    1. Chatíssimo!! Procura-se pelo em ovo pra criar cizânia racial e de gênero. Imagino que algum dia Kiki Pinheiro vá denunciar Tom Jobim por assédio, e algum haitiano resolva processar Gil e Caetano por racismo.

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  4. Perdão, Helô Pinheiro.

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  5. Artigo muito bom! Parabéns aos envolvidos 🌟

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