quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mulheres Brasileiras: Uma breve abordagem histórica

Imagem extraída de http://superqueens86.blogspot.com/2006/03/feliz-dia-internacional-da-mulher-para.html
Nos primeiros anos coloniais, a maior parte dos africanos e portugueses que vieram para o Brasil eram homens. O tráfico negreiro trazia três vezes mais rapazes do que moças. Preocupado, o governo português chegou a deportar prostitutas e órfãs para o Brasil, para organizar famílias estruturadas no país.
Depois da independência, o crescimento natural da população já era considerável. Portanto, o número de mulheres 'livres' brancas e mestiças foi se igualando o de homens da mesma condição. Cerca de 30% dos escravos estavam ligados a laços familiares, ou seja, formavam um casal e filhos.
Entretanto, a violência dos homens sobre as mulheres era uma constante em todos os grupos sociais. Estupros, surras, assassinatos. Aturar calada as amantes do esposo, levar pancadas, estar sempre disposta sexualmente, eis quase a regra do sagrado matrimônio, na época.
Os pais acreditavam que as mocinhas existiam apenas para arrumar um marido e servi-lo. Assim, ler e escrever só para meninas da elite, e com a finalidade de copiar as receitas dos quitutes que deveriam preparar aos maridos. Com 12 ou 13 anos, as meninas paravam de estudar.
Entretanto, a resistência feminina existia. Para muitas mulheres, o caminho da emancipação passava pelos estudos. No fim do século XIX formaram-se as primeiras médicas brasileiras. A época era conservadora. No fim da década de 1880 quando se formaram as primeiras advogadas, o preconceito ficou ainda mais claro: Pouquíssimos juízes as autorizaram como defensoras. De forma geral, a elite só admitia realmente o trabalho feminino das camadas populares da sociedade.
A situação começou a mudar, gradual e lentamente, nas últimas décadas do século XIX. Na Europa, apareciam movimentos em defesa dos direitos elementares das mulheres, como o de estudar até a faculdade e o de votar. Após 1850, vários movimentos e organizações desta natureza, surgiram defendendo bandeiras de direito à educação e ao voto femininos, no Brasil. Várias mulheres passaram a denunciar a ignorância, o machismo e a discriminação em que eram mantidas. O protesto de muitas era contra a condição de dependência em relação aos homens e a negativa do acesso ao voto e à instrução das mulheres.
Neste período, cresciam as cidades e mercados, alterando os comportamentos. As mulheres também se tornavam consumidoras. Assim, quer fossem da elite ou da classe média, podiam passear pela cidade (mesmo assim, somente acompanhadas), olhar as vitrines, frequentar teatros (as da elite), as pracinhas...
A campanha abolicionista contou com a colaboração do “sexo frágil”. Desde as que preparavam doces e arranjos de flores para levantar grana para o movimento, até as que escreviam artigos em jornais antiescravistas.
No fim do século XIX, mulheres da elite e da classe média lançaram diversos jornais feministas, principalmente nas grandes cidades. Na época, nenhum país da América Latina teve tantas publicações do gênero como o Brasil. Muitos defendiam a instrução superior para as mulheres, o voto feminino e o direito ao divórcio.
Esses jornais tinham uma razoável penetração nas camadas mais instruídas da população, atuando significativamente nas conquistas mais recentes da história das mulheres brasileiras. Associados aos jornais, houveram muitas manifestações que culminaram nas leis atuais, de uma tentativa de paridade entre gêneros.
Entretanto, ainda há até hoje pessoas que acham que o destino das mulheres é o casamento e os serviços domésticos e que aquelas que fogem desse destino são mulheres desvirtuosas e indignas.

REFERÊNCIAS

PRIORE, Mary Del (org.). História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"
(Simone de Beauvoir)

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